Trato aqui de um trabalho de final de período produzido para uma disciplina de Sociologia. Tentei realizar uma análise baseada nos textos discutidos durante o curso. Espero que ajude alguém a entender um pouco sobre os acontecimentos das décadas de 60 e 70: o movimento hippie, a popularização do Rock com os Beatles e Jonh Lennon, a Guerra do Vietnã , os Yippies e as lutas com os Panteras Negras e a revolução sexual.
Boa Leitura!
Myllena Cunha
“O que é
pessoal é político.”
Uma leitura sobre a contracultura e os acontecimentos da década de 60.
Inicio meu
trabalho com o título acima, pois em minha leitura acerca dos eventos ocorridos
nas décadas de 1960 e 1970 não haveria melhor explicação do que esta frase.
Vimos que as décadas de 60 e 70 trouxeram para a sociedade debates que antes não eram cogitados de existir. Principalmente trazidos pelos jovens e estudantes, o movimento de contracultura do século XX revolucionou o tratamento corriqueiro da sexualidade, da política, das drogas (de certo modo) e da liberdade individual pelo mundo todo.
Vimos que as décadas de 60 e 70 trouxeram para a sociedade debates que antes não eram cogitados de existir. Principalmente trazidos pelos jovens e estudantes, o movimento de contracultura do século XX revolucionou o tratamento corriqueiro da sexualidade, da política, das drogas (de certo modo) e da liberdade individual pelo mundo todo.
No governo de
Nixon, os Estados Unidos viveu a longa, derrotada e impossível Guerra do
Vietnã, que foi uma das principais críticas dos movimentos que surgiram na
década de 60. As tropas militares dos E.U.A estavam sendo massacradas, muitos
jovens soldados morrendo, muito dinheiro gasto,
com isto a permanência das tropas americanas no Vietnã se tornou
insustentável. Não podemos deixar de falar que as críticas não se embasavam
somente nas inúmeras mortes de soldados americanos pura e simplesmente, mas
também que, com o alto custo que esta guerra teve, os impostos aumentaram e
produtos básicos para o consumo
começaram a faltar nos mercados.
Em outras
partes do mundo, como no caso estudado na França, as manifestações estudantis
de Maio de 1968 culminaram numa greve nacional dos operários. Como Hobsbawm em Paris, “os “acontecimentos de maio” foram entendidos
como o epicentro de uma explosão bicontinental de rebelião estudantil.” Como os
jovens sempre são a parte mais atuante em todo processo de transformação social,
jovens de várias partes do mundo iniciavam uma série de protestos das mais
variadas formas contra a Guerra do Vietnã, contra o sistema Capitalista; contra
toda forma de repressão individual existente; favor dos direitos civis dos
negros e da liberdade sexual. “É proibido proibir.”
Culminando na
politização da vida cotidiana, a contracultura com o movimento hippie e os
Yippies, ou melhor, os “maníacos por ações” tiveram importância fundamental
neste processo de transformação que se cedeu nas décadas de 60 e 70.
O movimento
hippie, que defendia a Paz e o Amor, embora por várias vezes usasse de meios
não muito pacíficos foi fundamental na consolidação do movimento da
contracultura. Defendam uma forma de vida alternativa a do Capitalismo,
alternativa a da guerra e da exploração. Vivendo de forma comunitária e
pacífica, as comunidades hippies vinham em reposta a miséria que se alastra
pelo mundo, difundindo a liberdade sexual, liberdade das drogas e dos estilos
de vidas.
Os Yippies
foram liderados por Abbie Hoffman e Jerry Rubin, se auto-intitulavam “maníacos
por ações”, foi formado por hippies que praticavam grandes atos públicos para
chamar a atenção da mídia. A finalidade deste grupo era, através de atos
públicos, chamar a atenção das pessoas para o que estava acontecendo nos E.U.A
e no mundo, e através de seus atos,
instigarem as outras pessoas a fazerem o mesmo. “Ideologia do ato”, como diz
Hoffman, estes atos fariam com que as pessoas tivessem idéias próprias e
começassem a agir por elas mesmas.
As ações dos Yippies eram centrais nas manifestações
e nos comícios contra a Guerra do Vietnã. Eles também lutavam pelos direitos
civis dos negros e juntos com John Lennon e com o grupo de extremistas-radicais
pelos direitos civis dos negros, os Panteras Negras, consolidaram fortes
protestos (como shows e comícios) anti-capitalistas, contra a Guerra do Vietnã
e a favor dos direitos dos negros.
Um dos mais
famosos atos dos Yippies foi jogarem notas de dólares que no chão da Bolsa de
Nova York. Através deste ato, queriam mostrar com o desespero das pessoas para
pegar as notas que as pessoas que estavam no pregão da bolsa de valores,
trabalhando com dinheiro e fazendo dinheiro, não fazem parte do capitalismo. Os
pobres não fazem parte do Capitalismo. Distorcem tanto a essência do
Capitalismo que não conseguem enxergar que estão a margem do sistema. A
aparência é o inverso da essência (Karl Max, 1867).
O movimento
hippie assim como os Yippies surgiram em contramão do avanço do sistema
capitalista na sociedade. Os Yippies manipulavam os símbolos famosos exibidos
pela imprensa de massa para poderem publicar suas idéias, porém, também
produziam materiais de produção contra a guerra por meios alternativos, como
poemas que eram distribuídos pela cidade em formato de panfletos e eventos
culturais gratuitos, a “arte do lixo”,
como chama Hoffman.
Os Yippies
consolidaram uma comunidade alternativa
que continham de 20 a
30 mil pessoas. Nesta comunidade havia institutos médicos gratuitos,
distribuíam comidas de graça e montaram lojas gratuitas em que as pessoas
poderiam entrar e levar o que quisesse, assim também como podiam deixar as
coisas que não queriam mais, sempre tinha alguém para arrumar a loja.
Em seus atos,
em suas façanhas capitalistas, os hippies eram anti-dinheiro, anti-trabalho,
anti-capitalismo, anti-tudo o que presumisse a exploração de um indíviduo pelo
outro. Tudo deveria ser gratuito, pois a sociedade americana era rica, estavam
vivendo um momento pós-escassez, um momento de abundância e haviam muitas
pessoas ricas, era só distribuir o dinheiro com as pessoas pobres.
A forma
popular do movimento alternativo foi sem dúvida o Rock. É inegável que a
cultura e o estilo de vida das novas gerações do rock foram politizadas e
atuantes em todas as mudanças dos anos 60 e 70. E como o Rock de propagou e se
popularizou na sociedade foi com a banda inglesa Beatles, com suas letras que
falavam de política, exploração capitalista e a miséria, no meio de baladas
românticas que enlouquecia a cabeça das adolescentes. Em particular podemos
falar de Jonh Lennon, que mesmo na
época em que formava os Beatles escrevia a maioria das músicas.
Lennon se separou do grupo, se assim posso
dizer, porque não agüentava mais a vida
de ser um pop star. Sentira e queria fazer mais com o seu talento. Estava
vivendo uma transformação na sociedade e, para ele, não iria conseguir estar
junto desses jovens que estavam transformando os hábitos da sociedade estando
nos Beatles.
Anos após a
saída de Lennon, ele e sua mulher Yoko Ono produziam músicas que falavam bem
mais das crises atuais e de políticas do que na época em que estava no Beatles.
Foi sua época mais produtiva, segundo ele próprio. Durante os anos e o
desenvolvimento de seu trabalho com Yoko, Lennon se tornou muito próximo de
Hoffman, e consequentemente dos próprios
Yippies.
Quando Jonh
Lennon, os Yippies e os Panteras Negras
se aliaram, a perseguição do regime de
Nixon para com Lennon se tornou o drama de sua vida. A
presença de Lennon junto dos Yippies e dos Pantes Negras serviu para
assegurar a atenção da mídia nos atos de protestos que realizavam, já que toda
causa que Lennon apoiava a mídia estava voltada para ele. Lennon e Yoko
apoiaram várias causas levantadas pelos hippies e pelos movimentos populares.
Realizaram vários shows e uma turnê beneficente para arrecadar fundos para
familiares de chacinas que aconteceram durantes rebeliões nas cadeias.
Os
acontecimentos das décadas de 60 e 70 não trouxeram uma revolução política,
embora falar sobre política nacional ou internacional tenha se intensificado na
vida das pessoas, mas trouxeram uma revolução das relações cotidianas. Era
impossível diferenciar o que era pessoal do que era político. Foi uma revolução
cultural acima de tudo. Revolução esta que foi inspirada no Terceiro Mundo
(Cuba, Vietnã e Che Guevara). Os Yippies
conseguiram a redução das penalidades e a diminuição do preconceito para com o
estilo hippie, mas os Beatles foram os “agentes” que levaram a influência
política para os jovens. A contracultura trouxe consigo sem sombra de dúvidas e
liberdade sexual, principalmente da sexualidade feminina. Quebrou Tabus e
adicionou hábitos a vida humana. Diminuiu preconceitos e garantiu finalmente
direitos para uma parcela da população que era ignorada pela sociedade, os
negros. Com certeza se hoje as mulheres podem usar tênis e calça jeans, pode-se
usar a camisinha como método contraceptivo, pode-se ouvir rock (rock me refiro
aos clássicos dos anos 60,70 e 80) sem haver proibições, os negros têm o
direito de estudar e votar, foi graças a essa “rebelião estudantil
bicontinental” que os anos 60 e 70 propiciaram.
BIBLIOGRAFIA
GILMORE, Mikal. “O mistério em Jonh Lennon”. In Ponto final: Crônicas sobre os anos
1960 e duas desilusões. Ed: Companhia Das Letras.
HOBSBAWM, Eric. “ Os anos 60.” In Tempos interessantes: Uma vida no século XX. 1ª reimpressão. Ed:
Companhia Das Letras.
HOFFMAN, Abbie em entrevista para Ken Gordan. “Eu sei que
vencemos!” In Maio de 68. Coleção
Encontros.
LENNON, John e ONO, Yoko em entrevista com Robin Blackburn e
Tariq Ali. “Poder ao povo!”
MARX, Karl. O CAPITAL : Crítica da Economia Política. Tomo 1. Vol. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2002
NORMAN,
Philip. “O Yippie Yippie Skake: eu me apaixonei por Nova York ao virar
uma esquina”. In Jonh Lennon: A vida. Ed:
Companhia Das Letras.